quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Raros exibidos em 2008

A MALDIÇÃO DO SANGUE DA PANTERA - de Robert Wise - 1944
Exibido em 03/10/2008

A Maldição do Sangue de Pantera (The Curse of the Cat People), foi o filme que marcou a estréia na direção de Robert Wise (1914-2005), o renomado montador de Cidadão Kane e Soberba, de Orson Welles.
Wise fez uma carreira longa em Hollywood, transitado pelos mais diferentes gêneros, sempre com grande sucesso, da ficção científica (O Dia em que a Terra Parou, O Enigma de Andrômeda) ao musical (West Side Story, A Noviça Rebelde), passando pelo terror (Desafio do Além, As Duas Vidas de Audrey Rose) e o western (Sangue na Lua, Honra a um Homem Mau), sem esquecer dos clássicos dramas ambientados no universo do boxe (Punhos de Campeão, Marcado pela Sarjeta).
Continuação de Sangue de Pantera (Cat People), o filme retoma os personagens da obra-prima de Jacques Tourneur realizada dois anos antes, em 1942. Depois de sua morte, Irena, a mulher pantera (Simone Simon) do filme anterior, volta a assombrar a pequena Amy (Ann Carter), filha do casal Oliver e Alice Reed. Ao mesmo tempo, Amy aproxima-se da misteriosa atriz Julia Farren (Julia Dean), mulher reclusa e de comportamento estranho. A exemplo de Sangue de Pantera, esta seqüência faz parte da célebre série de filmes de horror realizada pelo produtor Val Lewton nos anos 40. Títulos cujo orçamento baixo era compensado pela criatividade do produtor e dos diretores, capazes de criar atmosferas perturbadoras apenas com recursos de iluminação.

A Maldição do Sangue de Pantera (The Curse of the Cat People). Estados Unidos, 1944. Direção de Robert Wise. Com Simone Simon, Ann Carter, Kent Smith, Julia Dean e Jane Randolph. Preto e branco. Duração: 70 minutos. Exibição em DVD. Legendas em espanhol.

AS AVENTURAS DE JUAN QUIN QUIN - de Julio García Espinosa - 1967
Exibido em 22/08/2008

Filme mais conhecido do diretor Julio García Espinosa, homenageado este ano pelo Festival de Gramado com o Kikito de Cristal (o qual não veio receber devido a razões de saúde), As Aventuras de Juan Quin Quin acompanha as peripécias de um herói picaresco, Juan Quin Quin (Júlio Martínez), que no contexto da Cuba pré-revolucionária vai assumindo diferentes papéis, de sacristão a artista de circo, de toureiro a plantador de café, até finalmente tornar-se membro das guerrilhas contra as tropas de Batista. Caracterizado por um humor pouco freqüente no cinema cubano daquele período, o filme de Espinosa incorpora à sua narrativa elementos da cultura pop, como os quadrinhos, os seriados e o western, o que lhe valeu comparações com o cinema de Godard.
O diretor Espinosa também tornou-se conhecido por haver redigido o manifesto "Por um Cine Imperfecto", polêmico ensaio no qual propõe sua visão provocativa às linguagens padronizadas de certos filmes. A obra é considerada um dos maiores manifestos estilísticos sobre o chamado Novo Cinema Latino-americano.

As Aventuras de Juan Quin Quin (Las Aventuras de Juan Quin Quin). Cuba, 1967. Direção de Julio García Espinosa. Com Julio Martínez, Erdwin Fernández e Adelaida Raymat. Preto e branco. Duração: 105 minutos.

ATÉ O VENTO TEM MEDO - de Mario Bava
Exibido em 13/06/2008

Produção de baixo orçamento realizada em 1968 (e que, portanto, está comemorando quatro décadas de lançamento este ano), Até o Vento Tem Medo é um exemplar típico do cinema de horror realizado no México, e que teve sua fase áurea nas décadas de 60 e 70. O cinema de horror mexicano, embora goze de grande prestígio entre os fãs do gênero, é quase desconhecido no Brasil. A sessão programada pelo Raros é uma ótima oportunidade para os espectadores interessados em conhecer um pouco do que esta cinematografia praticou no gênero, ainda hoje fonte de influência para diretores mexicanos contemporâneos, como Guillermo Del Toro (Cronos, O Labirinto do Fauno).

A trama de Até o Vento Tem Medo está ambientada numa escola para meninas assombrada por espíritos malignos e ajudou a consagrar a reputação de Taboada como diretor de filmes fantásticos. Entre outros títulos dirigidos por Taboada estão El Libro de Piedra (1969), Más Negro que la Noche (1975) e Veneno para las Hadas (1984).
Sessão comentada pelo jornalista Thomaz Albornoz. A entrada é franca.

Até o Vento Tem Medo (Hasta el Viento Tiene Miedo). México, 1968. Direção de Carlos Enrique Taboada. Com Marga López, Maricruz Olivier e Alicia Bonet. Colorido. Duração: 88 minutos.

CÃES RAIVOSOS - de Mario Bava
Exibido em 05/09/2008

Último filme dirigido por Bava, Cães Raivosos foi rodado em 16mm, em 1978, apenas cinco anos antes de sua morte. Devido a problemas com os produtores, Bava não conseguiu concluir o projeto, que só seria finalizado em 1998, quando os negativos foram encontrados e o filme pode ser finalmente editado, tal como Bava o imaginou, a partir de anotações deixadas por ele. Lamberto Bava, filho do diretor e seu assistente no filme, acompanhou a edição final.
A trama de Cães Raivosos mostra um grupo de ladrões truculentos que, após um violento assalto, fazem uma mulher de refém, e obrigam um senhor de carro, com uma criança doente a bordo, a dirigir com segurança até o local onde pretendem dividir o produto do assalto.
Sessão comentada pelo jornalista Thomaz Albornoz.

Cães Raivosos (Cani Arrabbiati/Rabid Dogs). Itália, 1974/1998. Direção de Mario Bava. Com Riccardo Cucciolla, Don Backy, Lea Lander e Maurice Poli. Colorido. Duração: 96 minutos.

POLYESTER - John Waters - 1981
Exibido em 27/06/2008
Um dos maiores sucessos da carreira do diretor John Waters, Polyester (1981), nunca foi lançado nos cinemas brasileiros. O filme integrou a programação da mostra Beleza Imperfeita: Em Busca de uma Nova Estética.
Waters é uma figura central do cinema underground americano, que ganhou fama com uma série de produções bizarras como Pink Flamingos (1972), Female Trouble (1974), Desperate Living (1997) e Hairspray (1988).
Polyester é o filme que marcou a invenção do Odorama, um processo criado pelo próprio Waters, no qual as pessoas, ao entrarem no cinema, recebiam uma cartela com um cardápio de odores dos mais variados. Durante a projeção do filme, surgiam na tela indicações para o espectador raspar determinado campo da cartela, liberando odores tão distintos quanto flores, gases, peixe morto, meias sujas e escatologias afins.
A história acompanha as desventuras de uma dona de casa americana (interpretada pela travesti Divine, ator-fetiche de Waters) às voltas com sua família disfuncional, numa demolidora sátira ao american way of life. Exibição em DVD, com legendas em português.

Polyester, de John Waters. Estados Unidos, 1981. Com Divine, Tab Hunter, Edith Massey e David Samson. Colorido. Duração: 86 minutos.

ARRIVEDERCI AMORE, CIAO - de Michele Soavi - 2006
Exibido em 30/05/2008

Lançado em 2006, o filme marcou a volta ao cinema do diretor Soavi, que desde o cultuado Dellamorte Dellamore (1994) havia assinado apenas esporádicas produções para a televisão. Classificado como um noir mediterrâneo, Arriverderci Amore, Ciao foi imediatamente saudado como o melhor thriller italiano dos últimos 30 anos.
Adaptado de um romance do escritor Massimo Carlotto, o filme acompanha a trajetória de um antigo terrorista (Alessio Boni) que deseja levar uma vida tranqüila e respeitável. Através de um policial corrupto (Michele Placido), aceita trair seus antigos companheiros para ter sua pena reduzida. Mas ao sair da prisão, os fantasmas de sua vida pregressa voltarão a cruzar o seu caminho.
Ex-assistente do mestre do cinema fantástico italiano Dario Argento, Michele Soavi havia evidenciado seu talento dirigindo produções na mesma linha de Argento - Deliria (1986), La Chiesa (1989), La Setta (1991) e o já citado Dellamorte Dellamore (1994), considerado sua obra-prima. Com Arrivederci Amore, Ciao, Soavi aventura-se em outro gênero, com o mesmo virtuosismo revelado em seus filmes fantásticos.
Sessão comentada pelo jornalista Thomaz Albornoz.
Arrivederci Amore, Ciao. Itália/França, 2006. Direção de Michele Soavi. Com Alessio Boni, Michele Placido e Isabella Ferrari. Duração: 107 minutos.

SOMBRAS DO MAL - de Jules Dassin - 1950
Exibido em 16/05/2008
Realizado em 1950, Sombras do Mal tem no elenco Richard Widmark e Gene Tierney (um dos mais belos rostos do período clássico de Hollywood). A sessão desta sexta-feira do Raros tem o caráter de uma dupla homenagem ao diretor Dassin e ao ator Widmark, ambos mortos no final de março. Cineasta americano, Dassin foi obrigado a fugir para a Europa após ser denunciado como comunista nos tribunais macartistas. Lá dirigiu vários filmes célebres, como Rififi (1954), Nunca aos Domingos (1959) e Topkapi (1963), todos estrelados por sua esposa, a atriz grega Melina Mercouri.
Com excepcional fotografia em preto & branco, Sombras do Mal está ambientado no universo dos lutadores de box, em Londres, e entrou para a história do cinema como um dos melhores exemplos de representação do submundo nas grandes metrópoles. Até hoje, o filme de Dassin serve de referência para outros cineastas. O caso mais recente é o de David Cronenberg, que buscou inspiração em Sombras do Mal para criar a atmosfera opressiva de Senhores do Crime (Eastern Promises, 2007), ambientado no submundo londrino.
Exibido em uma cópia em DVD, com legendas em português.

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